terça-feira, 9 de abril de 2013


Dói-me o coração. Não sinto as lágrimas que caem uma a seguir a outra e que fazem um túnel em cima do nariz. Não sinto o pesar da cabeça nem o ardor nos olhos já vermelhos e inchados. Para toda a gente, é uma alergia qualquer. Para mim é a morte. Não é a morte do cemitério nem das flores. Não é a morte das capelas nem da escuridão. É só a morte. É a morte por ser uma perda de vida. É a morte porque inevitavelmente hoje alguém deixou que me morresse algo. Talvez a esperança de um amanhã gigante. Talvez o sonho de dias felizes. Talvez a idealização de um amor intemporal... E lá estou eu: perdida em sentimentos, perdida na minha própria vida, à deriva. Tu deixaste-me naufragar. Tu que sempre foste o meu porto-seguro. E eu culpo-te. Eu só posso culpar-te mesmo sabendo que no amor, não há culpados. Eu culpo-te pela minha morte e pelo que me roubas-te. Culpo-te pelo amor que despejei em ti. Culpo-te pelo amor que quis receber. Pela eternidade que me prometes-te, quando deambulavas e eu te dei a mão. A mão que agora escreve, húmida. A mão que enxuga as minhas próprias lágrimas. E desejo voltar no tempo... Para desta vez, poder dar-te simplesmente a mão. E não o coração e nem a alma nem o pensamento ou a felicidade. Culpo-te. Perco-me...Dói-me o coração.

1 comentário:

  1. Tenho a certeza que é apenas uma má fase. O que é verdadeiro não acaba assim. E eu sei que é!

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