sábado, 23 de março de 2013


Poderei eu gritar-te os bons dias sem levantar a voz? Tu sabes que acordo com a garganta num estado maléfico, rouco e um tanto ao quanto enebriado. Mas foi contigo que aprendi que basta acreditar. Acreditamos e (quase por magia) plim, acontece. Ainda é assim? Não mudou desde que subis-te ao céu e desde que eu fiquei por cá a honrar a tua morte e a sofrer a tua ausência? Quero contar-te mil  histórias. Mas não me ouves. Não me mandas contá-las mais devagar nos momentos em que estou mais entusiasmada e falo tudo seguido, sem me conseguir sequer ouvir. Já não consentes com a cabeça. Não me beijas a face. Já não entristeces. Já não ris. Mas amas-me ainda? Amas, eu sei. É por isso que não durmo de tanto pensar em ti. És tu que me queres dizer algo que eu ainda não sei bem o que é. Descobre-me. Se me descobrires, voltamos ao ciclo vicioso em que eu te descubro logo de seguida. Ainda és tu, que me persegues, em cada passo que dou. E agora? Agora já posso gritar. O relógio marca as 10:00h, e a voz voltou ao normal. Mas prefiro calar. Como tu fazias de todas as vezes em que eu achava que tinhas de falar. Agora eu sei que os gritos são só perturbações de paz, e que o silêncio diz tudo. E tudo o que eu quero que saibas só no silêncio o vais descobrir...

1 comentário:

  1. Por muito que às vezes pensemos que não, essas pessoas, que tanto amamos, ouvem-nos perfeitamente!*

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